Vintage & Retrô, ou a nostalgia na Moda

Setembro 22, 2023 Uncategorized

No post anterior, falamos um pouquinho sobre como os brechós surgiram no Brasil.
Em um passado nem tão distante assim, eles eram um comércio um tanto quanto obscuro no imaginário popular, sinônimo de roupa velha, desgastada e antiquada.
Porém, tudo na vida passa por ressignificações, e o vocabulário da Moda hoje engloba termos como Vintage e Retrô, que atribuem um perfume glamoroso a certas roupas desse mesmo passado outrora desvalorizado.
Será que sempre foi assim? Considerar algo antigo como ultrapassado e desprovido de valor? Em tempos onde consumo era palavra inexistente, as roupas eram relíquias que se deixavam de geração a geração. Grandes baús de madeira, cheios de naftalina, guardavam como tesouros um vestido de noiva que passava de mãe para filha ou de avó para neta, enxovais de bebês feitos à mão que vestiam toda uma árvore genealógica e outras preciosidades têxteis inimagináveis.
Os tecidos eram feitos para atravessar séculos e o vestuário recebia ricos trabalhos manuais que os transformavam em quase jóias.
O tempo e a modernidade trouxeram inovações, industrialização, necessidade de praticidade e um certo desencantamento às nossas apressadas vidas. O vestido do casamento da vovó ficou cafona diante das novidades da “rua das noivas” e as roupas dos bebês agora seguem tendências.
Mas a vida vivida nesse ritmo frenético às vezes nos cansa e gera um vazio, e nessa hora sentimos nostalgia de coisas que nunca vivemos. E então entram em cena as palavrinhas do título.
O que é vintage? O que é retrô? E por que nos fascinam?
“Vintage” (que em português temos o estranho hábito de pronunciar “víntage”, tornando-a proparoxítona mesmo sem ser acentuada) é um termo de origem francesa relacionado aos bons vinhos (“vint”: safra de uvas e “age”: idade). Essa palavra foi incorporada à Moda e Decoração pelos ingleses no pós-segunda guerra, já que as privações materiais da época trouxeram a valorização dos objetos domésticos e do vestuário antigos bem conservados e bem-feitos. Vintage, portanto, seria como um “vinho de boa safra a quem o tempo só melhora”.
Já o “retrô”, é uma palavra também francesa nascida nos anos 1960, abreviatura de “retrógrado”, expressando objetos que fazem releituras de estilos passados, mas produzidos na atualidade.
Podemos dizer, em linhas gerais, que o “Vintage” é o clássico puro, original e representativo de sua época, ao passo que o “Retrô” é a sua cópia ou reinterpretação. O retrô se inspira no vintage.
Uma roupa vintage é uma peça que caracteriza uma época: clássica, atemporal e de excelente feitura. E a moda retrô é a peça atual, concebida a partir da estética do passado.
Para designar uma peça vintage na moda, delimitou-se uma fronteira de 20 anos, o que em tempo humano caracteriza uma geração. Ou seja, ao completar duas décadas de existência, a moda original daquele período pode, se fizer jus, ganhar status de vintage.
O fascínio pelo vintage, podemos supor que seja pelo encanto de vestir uma peça de outras décadas e sentir que ela é atemporal – chega aos nossos dias esbanjando atualidade, classe, elegância e personalidade. É uma peça realmente única e ímpar, que alivia em nossa alma o sentimento de usar só coisas produzidas em massa.
Já o retrô, como é sempre uma reinterpretação de modas passadas, traz leveza e um toque divertido às produções, nos permitindo libertar nossas fantasias de pin-up, hippie ou melindrosa.
São propostas diferentes, ambas válidas e que não se excluem.
Então hoje, ao pensarmos em brechós, podemos abrir o coração e a mente para entender como um lugar que pode, sim, abrigar tesouros escondidos. E não existe melhor palavra para designar a busca por esses tesouros do que “garimpar”. Permita-se essa aventura, e depois volte aqui para nos contar!
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